PROJETO ZK: 30 anos de história

Memorial elaborado para fins de promoção à Classe de Professor Titular do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Introdução

Em 1982, ao iniciar os meus trabalhos como professor de matemática na Escola da Comunidade “Eduardo Weiss”, a natureza na qual eu estava destinado a viver era a do Ensino Tradicional Vigente, ou seja, um lugar onde o que se espera é ver os alunos em fileiras e o professor, de pé, falando em frente ao quadro. Portanto, uma perspectiva pedagógica que se assenta na seguinte concepção epistemológica: pensa-se que o professor transmite o conhecimento falando e que o aluno aprende vendo.

Contudo, ao cercar-me de diferentes recursos computadorizados, constituí uma nova natureza, a qual me possibilitou antever e contrapor, através de minha prática letiva, a ortodoxia desse tipo de prática docente com algumas das recentes e atuais tendências da Educação Matemática e, assim, estabelecer condições mais confortáveis de trabalho em relação a minha função social de oferecer, como professor, ambientes mais favoráveis para o aprendizado da matemática. Logo, uma nova natureza que, por se constituir cercada de recursos computadorizados, toma como antinatural a ausência do computador em seu espaço existencial.

Daí, a razão pela qual irei apresentar esse memorial de meus principais estudos e trabalhos docentes a partir de três diferentes movimentos que serão demarcados a partir de dois fatos distintos e coetâneos. Especificamente, os saltos qualitativos inerentes a minha acumulação de recursos técnicos computacionais e os diferentes procedimentos didático-pedagógicos empregados durante a minha vida como professor e pesquisador.

No primeiro movimento, apresentarei os principais trabalhos realizados no período de 1989 a 1992, em que prevalecia no imaginário comum dos usuários de computadores pessoais brasileiros a cultura da linha de comando. Portanto, experiências ainda bastante intuitivas, mas suficientes para eu estabelecer uma linha de trabalho construtivista em contraposição à ortodoxia do Ensino Tradicional Vigente.

O segundo movimento reúne os principais resultados de meu trabalho sistemático de criação, implementação e aplicação de tarefas computadorizadas, os quais acabaram impondo um ponto de inflexão no rumo de minha prática letiva. Especificamente, esses resultados demonstraram que a inserção da Educação Matemática na sala de aula não pode ser reduzida aos aspectos puramente epistemológicos da aprendizagem e, por isso, reorientaram o meu interesse de estudo ─ até então focado, exclusivamente, nas possibilidades do computador como suporte ao processo de ensino e aprendizagem da matemática ─ para uma nova questão, ou seja, a do domínio dos desafios suscitados pela inserção do computador na prática letiva cotidiana. O resultado foi a escritura eletrônica que passei a denominar micromundo hipertextual, ou seja, um ambiente computadorizado multirepresentacional que possibilita agregar e disponibilizar, na internet, diferentes recursos didáticos, tais como textos, imagens, animações, vídeos e tarefas computadorizadas.

No terceiro e último movimento, apresentarei os principais resultados obtidos com a execução do projeto livro de areia. Especificamente, uma escritura eletrônica derivada do micromundo hipertextual que, através da internet, tem nos permitido avançar para além dos muros da escola e, desse modo, garantir condições mais adequadas para uma inserção mais efetiva do computador no cotidiano da sala de aula.

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