O interesse da numerologia é a significação oculta dos números e a influência deles no caráter e no destino das pessoas.

Essa espécie de culto aos números pode ser encontrada na mais remota antiguidade. O número sete, por exemplo, sempre foi objeto de especial respeito. Presumivelmente pelo número de dias que dura uma fase lunar (a semana) ou pelo número de estrelas errantes conhecidas (os planetas).

Mas, foram os pitagóricos que levaram a extremos a adoração dos números, baseando neles sua filosofia e modo de viver. (Boyer, p. 39).

O um, diziam eles, é a fonte de todos os números e representa a razão; o dois é o primeiro número par, o número da diversidade; três é o número da harmonia, sendo composto pela unidade e pela diversidade; quatro é o número da justiça; cinco o matrimônio; seis o número da criação, etc.

Havia os números perfeitos. Aqueles, cujos fatores inteiros somados reproduzem o próprio número. O primeiro número perfeito é o 6, cujos fatores inteiros são 1, 2 e 3 (1 + 2 + 3 = 6). O segundo número perfeito é o número 28, cujos divisores são 1, 2, 4, 7 , e 14 (1 + 2 + 4 + 7 + 14 = 28).

Se fosse possível perguntar a um seguidor de Pitágoras o que é um amigo, provavelmente a resposta seria a seguinte: “Alguém que é o um do outro como, por exemplo, 220 e 284”. E isto, porque a soma dos divisores de 284 é igual a 220 (1 + 2 + 4 +71 + 142 = 220); e a soma dos divisores de 220 é igual a 284 (1 + 2 + 4 + 5 + 10 + 11 + 20 + 22 + 22 + 44 + 55 + 110 = 284).

Em resumo, a doutrina pitagórica se constituiu por uma confluência de misticismo com matemática; pois do mesmo modo que fixava características ocultas nos números, procurava agrupar esses números segundo propriedades matemáticas.

A consequência disso é que muitos conceitos e resultados dos pitagóricos acabaram por prestar bons serviços à matemática. Por exemplo, os conceitos de números pares e ímpares, números figurados, números primos, etc. E isso, para não falar na relação entre os lados e a hipotenusa de um triangulo retângulo, cujo resultado ficou conhecido como o Teorema de Pitágoras.

Um outro resultado é a numerologia, uma espécie de herança mística da doutrina pitagórica, que ainda hoje desperta interesse nas pessoas. 

Bibliografia

Biblioteca Científica LIFE. As Matemáticas.Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.

BOYER, C. A. História da Matemática. São Paulo: Edgar Blücher, 1974.

CAMAYSAR, R. Numerologia. São Paulo: Pensamento,s/d.

HOGBEN, L. Maravilhas da matemática: Influência e função da matemática nos conhecimentos humanos. Rio de Janeiro: Globo, 1956.

THE NEW ENCICLOPÆDIA BRITANNICA V. 8. Chicago, 1998.